O papel das empresas como incentivadoras da retomada dos estudos foi apontado, durante a mesa redonda "Diferentes Pontos de Vista Sobre a Educação Básica do Trabalhador", como uma das possíveis soluções para a melhoria dos índices educacionais. O debate integrou o primeiro dia da Jornada Inovação e Competitividade da Indústria Catarinense, que segue até a próxima sexta, no Centro de Eventos Sistema FIESC.
Um exemplo de incentivo das indústrias foi apresentado pelo diretor de Recursos Humanos do grupo Weg, Hilton Faria. A empresa aumentou as matrículas nos cursos de educação de jovens e adultos (EJA) em sua planta de Jaraguá do Sul depois que as lideranças incentivaram os colaboradores a retomar os estudos em conversas particulares. Outra medida semelhante foi o fato das aulas passarem a ser realizadas mais próximas dos locais de trabalho, graças ao apoio dado pela empresa.
"Hoje, poucas empresas estimulam seus profissionais ao estudo. É preciso que as pessoas sintam que a escolaridade é uma necessidade para continuarem no mercado", reforçou o secretário de Educação de Santa Catarina, Eduardo Deschamps, que também participou da mesa redonda. Deschamps também reforçou a necessidade de se tratar a educação como um sistema único, em vez de dividi-lo em redes isoladas - municipal, estadual e particular. "Por isso vamos precisar do apoio do setor industrial, por meio do SESI e do SENAI, para dar conta desse desafio e reduzir a evasão", afirmou.
Outra proposta apresentada foi de oferecer um ensino mais atrativo para os estudantes e para as empresas. O ensino anacrônico foi criticado pelo membro do conselho nacional de educação, Mozart Raposo. "Temos escolas com metodologias do século XIX, professores com mentalidade do século XX e alunos que nasceram já no século XXI", alertou. Por isso, ele defende currículos focados em habilidades e novas tecnologias.
Já os currículos contextualizados elaborados pelo SESI, de acordo com o ramo de atuação da indústria, foram elogiados por Marisa Raposo, da Consilia Consultoria e Serviços Educacionais, que mediou o debate. "Eles fazem com que as pessoas passem a entender o meio em que trabalham e facilitam o aprendizado, impactando no desempenho das empresas", garantiu.
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